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Foguete dá ré sim! E pode inspirar startups que queiram voar mais longe

Atualizado: 28 de ago. de 2021

Li uma postagem no LinkedIn na qual um executivo felicitava um colega seu, do mercado de startups, por uma determinada conquista. Ele desejou sucesso e usou a expressão "foguete não dá ré”. Essa divertida expressão é muito utilizada quando se quer desejar sucesso a uma pessoa ou uma empresa do mundo das startups - e costuma vir acompanhada do emoji de um foguete. Está inspirada na ideia de que se está subindo com todo o gás e que o céu é o limite, não havendo nada nem ninguém que possa parar a pessoa ou a empresa que chegou até ali.


Mas não é mais verdade que foguete não dê ré - comprovado cientificamente ;o)


O empreendedor Elon Musk criou a empresa aeroespacial SpaceX, que desenvolveu essa tecnologia. Até então, os foguetes se tornavam inúteis depois do voo, muitas vezes virando lixo espacial ou marítimo. Essa inovação permite que o foguete retorne à Terra e pouse em uma base, de pé, podendo ser reaproveitado a outros lançamentos.


Isso nos faz refletir sobre a frase inicial "foguete não dá ré". Porque, agora que foguete dá ré, startups podem, também, dar ré. Estou sugerindo que elas devam retornar ao início ou voltar à estaca zero? De forma alguma. Estou dizendo que poderão ter os benefícios que um foguete que dá ré oferece à sua empresa. Ou seja, invés de seguirem à toda, na rota desenhada inicialmente,


startups podem se manter o mais intactas e íntegras possível, reduzindo tempo e dinheiro investidos na sua existência ao errar menos, chegando mais longe e existindo por mais tempo que a média das startups

Partindo desse pensamento, listei reflexões que mostram que é cada vez menos sobre "para o alto e avante" e cada vez mais sobre:

  • priorizar direção, não velocidade: isso se traduz em "planejamento". É vital e não perda de tempo, antiquado ou entediante. Ele ajuda a definir o destino que se quer chegar, bem como a desenhar a rota, considerando também os passos, quem será envolvido, com qual recurso e com qual função. Empresa que não planeja acaba sofrendo mais com os vieses do dia a dia, sem plano de ação para questões muitas vezes previsíveis. Tudo isso para a empresa não ir rápido demais a lugar algum.

  • transpirar mas, também, se inspirar: aproveite que está "voando" e olhe "de cima". Reflita sobre o que encontrou, o que surpreendeu, o que facilitou e o que dificultou. Considere como respondeu a uma dificuldade e avalie se, em uma próxima situação, algo poderá ser feito diferente para ainda melhores resultados. Mais que chegar ao destino, é importante se inspirar pelo caminho pois, muitas vezes, o destino é alterado e, para quem não aprendeu nada no caminho, a mudança de rota pode soar mais radical que de fato ela é.

  • fazer curva em velocidade controlada: antes de uma "pivotada" radical, muitas vezes sob pressão, com a "espada na cabeça", ou até pouco caixa para folha de pagamento, divulgação e outros, é importante identificar necessidades de ajuste durante o voo para que o coração do negócio seja mantido (como pessoas, propósito e reputação) ao se chegar à curva. Chegar preparado no momento de ajustes é importante para conseguir passar por eles o mais ileso possível.

  • ter orgulho sem ser arrogante: é importante sentir orgulho do que se está criando e até querer mudar o mundo com seu produto ou serviço. Mas, mais importante ainda, é ter os pés no chão, ser flexível e aberto a sugestões e tipos de resposta ao que o mundo real lhe trás no dia a dia. Por mais que a ideia da empresa seja impactante, uma coisa é uma ideia e outra coisa é transforma-la em um negócio que comercializa algo que talvez o mercado não compreenda, não precise tanto ou já esteja acostumado a outra opção existe. É aí que o orgulho não pode se transformar em arrogância. Deve ser, sim, a base para ajustar e seguir voo, continuando no jogo, ainda que diferente. Pois de nada vale ter de sair do mercado dizendo que o mundo não entendeu sua proposta revolucionária. O mundo seguirá girando...

  • ser sábio ao aprender com o erro dos outros: muitas startups se baseiam em ideias de profissionais muito capazes e com visão. Mas é comum que eles tenham pouca experiência em negócios, em gestão, ou até em coisas mais palpáveis como gestão de portfolio, comunicação, finanças. Não é sobre capacidade, mas sobre questões práticas. E como a ideia deve virar um business, com comunicação, posicionamento, geração de leads, atendimento, entrega e satisfação do cliente - desafios seculares -, contar com um profissional experiente pode ser um atalho para seu sucesso, com menos erros e mais robustez. O CEO deve ter orgulho de sua ideia mas não deve ter vergonha ou preconceito por contar com profissionais experientes que não somente têm muito a oferecer como também estão dispostos a aprender e crescer, juntos, cada um com o que tem a oferecer.


Portanto, nem sempre se deve seguir à toda e adiante para se chegar onde se quer. Muitos unicórnios foram fruto de anos de trabalho e revisão de rota, além do aconselhamento e participação de profissionais experientes - ainda que ser um unicórnio não deva ser a meta de uma startup, e sim ser um negócio saudável enquanto relação com o mercado, reputação, financeiro e das relações entre os colaboradores.


Afinal, foguete que não dá ré e segue à toda velocidade na rota definida inicialmente, sem se desviar, sem reabastecer, sem refletir, um dia cai pois o combustível pode terminar.


Sobre o autor: Christian Abramson, founder e diretor executivo da cübik consulting, empresa com serviços de consultoria, CMO as a service, palestras e advisorship para empresas e executivos de pequenas, médias e grandes corporações. Mais de 27 anos de experiência nas áreas de marketing, insights / inteligência de mercado e trade marketing, tanto de multinacionais quanto de startups.

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